… Quanto vale o dinheiro?... Ao certo, ao certo, penso que ninguém sabe. Acho, até, ser mais fácil concluir sobre o valor dos objectos; por neles se saciarem os vícios do afecto, e neles se inventar a razão de todos os devaneios —sem objectos, quanto vale… o que resta?...
Arte-objecto e devaneio… Qual o pretexto? Não há, de facto, pretexto. Há ou não há a necessidade, o desejo; a vontade natural de estar perto, de ter por perto… Pretexto —concluo, agora— é a designação, esquisita, de investimento, que não se sabe muito bem o que é: porque todas as expectativas se fundem no efémero; e porque nem sempre o lucro é o melhor remédio, se não nos aproxima, se não nos reflecte; se não nos faz senhores das coisas que nos preenchem e nos prendem.
Fará sentido, eu acho, aceitar a Arte como outro objecto das análises da Economia, enquanto não se exceda e não transforme as almas em massa falida; simulando crises e incrementando e projectando a pobreza de espírito, porque tudo se esgota no tumulto afectivo.
… É! A Economia tem esse defeito: é avessa aos afectos. Criada para gerar e gerir riqueza, o mais que tem conseguido é aproximar as sociedades da falência… e sem que o dinheiro desapareça —prodígio completo, se aceitarmos a Arte como o domínio de múltiplas ilusões, como veículo que nos transporta ao mundo onde tudo parece; onde a realidade se transmuta, na evocação de tantas fantasias…
A Arte —o objecto artístico— não é o utensílio de uso comum; a necessidade básica. E quando acalentaram a ideia de que pertencia ao povo; de que deveria ser este o destinatário, equivocaram-se; porque a Arte não colhe as pessoas por estratos, mas por sensibilidade.
Em Arte, o principal retorno é a fruição: a entrega e o desprendimento de quem produz; a abertura e o recebimento de quem contempla… —queremos ou não queremos: eis a questão.